Todo sentimento é legítimo!
É verdade que não foi isso que nós aprendemos. Fomos ensinados que alguns sentimentos são mais dignos e aceitos do que outros.
E ainda tem uma marcação de gênero aqui: alguns sentimentos são socialmente legitimados para homens, e outros para mulheres. Homens não podem sentir ou expressar tristeza, pois facilmente serão rotulados como frágeis ou “mulherzinha”. Mulheres não podem expressar raiva, pois rapidamente serão chamadas de histéricas – ou coisa pior.
Também me arrisco a dizer que existe uma marcação racial. Durante alguns séculos, foi nos imposta a ideia de que pessoas negras não tinham alma, portanto não teriam sentimentos. Hoje, essa concepção ainda reverbera, por exemplo na percepção de que pessoas negras suportam mais dor do que pessoas lidas como brancas.
Sim, estou simplificando um pouco na tentativa de ser didática. A realidade é bem mais complexa. Mas meu interesse aqui é convidar você (e relembrar a mim mesma) para desaprender esse modo de lidar com os sentimentos, para questionar esse aprendizado cultural.
Legitimar TODOS os nossos sentimentos tem a potência de nos revelar algo importante sobre nós mesmos, de recuperar nossa auto-confiança, de nos reconectar com nossa própria humanidade.
Legitimar os sentimentos DO OUTRO abre portas para o diálogo, para relações baseadas em respeito mútuo, para uma forma de lidar com os conflitos que considera as necessidades de todos.
Legitimar os sentimentos é um gesto que começa pequeno, talvez primeiro na relação consigo mesmo (é preciso abrir espaço, para só então…), depois na relação com os outros, e assim vamos nos desenvolvendo para sustentar em nossos corpos e almas as transformações sociais que (racionalmente) desejamos.
“Todo sentimento é legítimo” é mantra pra quem quer aprender a cuidar de si mesmo, a cultivar relações saudáveis, e a desenvolver atitudes que efetivamente questionam o racismo, o machismo, a misoginia e outras violências estruturais.
Validar os sentimentos é parte do processo de aprendizagem oferecido na Mentoria individual em Comunicação Não-violenta. Pra saber mais, clica aqui.
