Como ensinar o respeito à diversidade com a CNV?


 Há vários anos meu filho comentou comigo:

- Mamãe, tem um menino da minha escola que gosta de usar roupa de menina!

Era uma excelente oportunidade pra eu fazer um discurso sobre a importância do respeito à diversidade, sobre identidades de gênero e pessoas trans. Mas eu resolvi fazer outra coisa…

Eu escolhi manter uma postura de curiosidade e acolhimento, e perguntar pra ele:

- E pra você é estranho ver um menino com roupa de menina, filho?

Ele disse que sim, e fui acolhendo seu estranhamento, apoiando-o a identificar e nomear como ele se sentia, e pra que necessidades aqueles sentimentos apontavam.

Então ele mesmo chegou à conclusão de que a roupa que a pessoa escolhe vestir, ou mesmo o gênero com o qual ela se identifica, pode ser diferente daquele que foi designado quando ela nasceu. E que isso era algo pouco comum na sua escola, e também em outros ambientes por onde ele circulava. E ele começou a se sentir mais seguro diante daquela situação antes desconhecida.

Hoje, meu filho convive com crianças transgênero em sua escola com bastante naturalidade. E ainda apoia alguns colegas a lidar com seus próprios estranhamentos.

Talvez você fique receosa de dar espaço aos sentimentos desconfortáveis que surgem quando uma criança ou adolescente se depara com uma pessoa LGBTIAP+. Talvez você sinta medo de que isso estimule o preconceito ou comportamentos violentos contra essas pessoas.

Porém, na minha experiência, é exatamente dar espaço a esses sentimentos e pensamentos (num ambiente seguro, que não ofereça risco a essas pessoas) que permite às crianças e adolescentes acolherem e aprenderem conviver de forma respeitosa com pessoas de todos os gêneros (ou não-binárias) e orientações sexuais.

Isso pode ser feito de forma sistemática, dentro da prática pedagógica, através das ferramentas e exercícios da Comunicação Não Violenta. E assim, se criar efetivamente um ambiente de respeito à diversidade no cotidiano da Escola.

Postagem publicada em parceria com o Instituto Zeza Weyne. Para saber mais, acesse o site do Instituto.