O valor do que não faz sentido


“Um dos grandes valores que eu recebi da não violência é a provocação de considerar o valor do que não faz sentido. Aquilo que não é visto, aquilo que é marginalizado dentro de mim, entre nós e socialmente muitas vezes não faz sentido [para mim]”.

Escutei essa fala de Dominic Barter há uns dias e ela segue ressoando com tanta força, que resolvi compartilhar aqui com vocês.

Você já pensou que não deveria sentir determinado sentimento, porque não faria sentido?
Já pensou que algo que outra pessoa disse ou fez é absurdo demais?
Já criticou uma estrutura social, sem perceber que pode haver resquícios dela também dentro de você?

Na vivência da Comunicação Não-violenta, a COMPREENSÃO tem um papel central. Lembrando que compreender não significa concordar nem entender racionalmente a lógica do pensamento do outro.

Nesse contexto, podemos traduzir compreensão como a confiança de que o outro (ou eu mesma) tenho razões para pensar, dizer e fazer o que fiz, e elas estão intrinsecamente relacionadas às necessidades que estamos todos tentando atender.

Como aprendemos a pensar em termos de CERTO x ERRADO, se esse modo de tentar atender necessidades me fere, eu considero absurdo ou sem lógica.

Somente a abertura para compreender isso que parece não fazer nenhum sentido – seja um pensamento ou um sentimento dentro de mim mesma, seja algo que outra pessoa fez ou disse, seja uma dinâmica social – permite a transformação da situação na direção de cuidar de TODOS.

De todos quer dizer que compreender não significa se submeter nem abrir mão dos seus valores. Mas reconhecer a humanidade daqueles (e daquilo em mim) que tem valores tão diferentes dos meus.

Como essa provocação chega por aí?