Meu 12o. dia das Mães

 

Feliz e exausta. É assim que me sinto no meu 12o. Dia das Mães

São 12 anos em que cotidianamente me dedico não só a alimentar, ensinar a cozinhar e lavar a louça, cuidar das suas roupas,  acompanhar as tarefas, ir nas reuniões e eventos da escola… mas principalmente a tarefa mais cansativa de todas: construir uma relação de confiança com meu filho, apoiá-lo a ser quem ele é, apreciando e confiando em si mesmo, ao mesmo tempo que aprende a compreender e respeitar o outro.

Hoje já colho muitos frutos desse esforço diário, que passa essencialmente por me transformar e desconstruir uma série de aprendizados culturais sobre o que é ser uma “boa mãe” e o que é ser um “bom filho”. Desaprender que ele deve se comportar e me obedecer, ser um bom aluno, tomar banho na hora que eu quero, brincar das brincadeiras que eu aprovo, dizer as palavras que eu acho aceitáveis, fazer sempre a coisa certa…

Me esforçar pra segurar minha reatividade quando ele faz algo que eu discordo, olhar pro que isso fere em mim, expressar pra ele sem moralismos, escutar o que ele pensa sobre isso, construirmos acordos. E acolher todas as vezes (na verdade, todas as que eu consigo) em que ele é machucado pelo mundo, pelo colega que zomba da altura dele, por um professor que esquece que educar é mais do que cobrar a tarefa de casa, pelo parente que não consegue escutar seus sentimentos...

Ao mesmo tempo que tenho muito a celebrar nessa jornada, eu reconheço do quanto eu precisei abrir mão ao escolher ser essa mãe (que quero ser) pro Benki. Relembrando o clássico provérbio: “é preciso uma aldeia pra criar uma criança”, eu tenho feito o trabalho de uma aldeia inteira. E aqui quero reconhecer que tenho apoio de pessoas muito importantes nessa missão: minha companheira, meus pais, meus irmãos e cunhados, e mais recentemente o pai dele, contribuem de muitas e diferentes formas.

Mas o peso que recai sobre mim – e sobre todas as mães e alguns (poucos) pais na nossa sociedade – é o peso da disponibilidade. Infelizmente outro provérbio é mais famoso e legitimado entre nós: “quem pariu Mateus, que balance” (veja que o pai não é mencionado aqui). Se antes (e em algumas culturas isso permanece), tínhamos toda uma aldeia disponível pra dar conta das necessidades de uma criança, hoje são as mães que devem estar disponíveis para seus filhos quando eles precisarem. E eles precisam (de) muito! 

A vocês mães, que tem feito esforços de todos os tipos, que tem lidado com o peso que nossa sociedade impõe sobre a Maternidade, eu envio o meu abraço cheio de Amor!