Vinícius e a lagoa: como queremos educar as crianças?

 

Adulto: Vinícius, venha pra cá. Aí é fundo!
Vínícius: NÃO!!
Adolescente: Vem, Vinícius. Os meninos já tão todos saindo… Vem comer bolinho de peixe.
Vinícius continua nadando em direção a parte funda da lagoa.
Adulta: Olha, Vinícius, aí no fundo tem jacaré, viu? Os meninos não tão indo praí porque eles tem MEDO. Se você for, o jacaré vai pegar você, hein!
Vinícius volta depressa e sai da lagoa.

Eu assisti toda essa cena aí desse lugar da foto. Vinícius (nome fictício) estava de bóia. Ele devia ter entre 3 e 4 anos. E não havia nenhum indício de que tinha mesmo jacaré na lagoa.

Esse é o modo como hegemonicamente educamos nossas crianças. Também (porque) é o modo como a maioria de nós foi educada. Através do medo!

Assim muitos de nós aprendemos a ter medo do desconhecido. Da parte funda da lagoa.

Quando os adultos usam essa estratégia pra educar, as crianças aprendem duas formas de se relacionar: se submeter, e daí passam a agir com base no medo, culpa ou vergonha; ou se rebelar, e passam a operar movidas pela raiva (já presenciou algum ataque de “birra”?)

Muitas vezes esses dois modos de agir se alternam. Talvez você até se reconheça nesse aprendizado, porque ele faz parte da nossa cultura. Como criança ou como adulto.

Você lembra de ter ouvido algo parecido na sua infância? Já usou essa estratégia pra “cuidar” de alguma criança?