É preciso muito mais
- Mamãe, eu sei que você às vezes me apoia... - ele fez uma pausa; queria ser mais preciso no que ia falar - não, eu sei que você sempre me apoia. Mas é que nem sempre você pode me apoiar na hora que eu tou precisando.
Respirei, me conectei com minha frustração, e respondi:
- É verdade, filho. Nem sempre eu tou disponível pra você. Às vezes eu tou trabalhando, ou não tou podendo naquele momento porque também não tou bem... Por isso que eu quero tanto ter mais pessoas que possam te ouvir, te acolher, te compreender...
- O mundo precisa de mais gente que faça CNV! - ele concluiu.
Esse foi o pedido do Benki (meu filho de 11 anos, pra quem ainda não o conhece). Me disse isso depois de uma longa conversa sobre algo difícil que ele está vivendo. Ele chorou, eu chorei. Nos escutamos, oferecemos empatia um pro outro e contamos com honestidade algumas coisas desconfortáveis que estavam vivas em nós.
Sabemos que temos um ao outro e isso torna nossas vidas muito mais maravilhosas. Ao mesmo tempo, nós dois sabemos que isso não é suficiente. Como diz Selma Reis, "é preciso muito muito mais gente cantando..."
Essa mudança de paradigma nunca vai ser solitária. Precisamos de apoio, precisamos de rede, de comunidade. Precisamos ter pessoas que nos acolham quando tá doendo, e nos ajudem a traduzir nossos julgamentos e conectar com nossos sentimentos e necessidades mais profundas. Só assim podemos realmente (pelo menos em alguma medida) viver a Comunicação Não Violenta.