Dica de filme: Um lindo dia na vizinhança

Esse filme ficou no meu radar por um tempo, mas eu só tomei a iniciativa de assistir no dia em que – sincronicidade! - duas pessoas diferentes me disseram: Assisti esse filme e lembrei muito de ti!

“Estou disponível agora mesmo”. É assim que Fred Rogers começa sua conversa com Lloyd Vogel, o repórter que faria seu perfil para a revista em que trabalha (vale dizer que essa história é real, e o filme é baseado nessa reportagem).

Fred Rogers é um apresentador de um programa infantil chamado Vizinhança de Mr. Rogers, um espaço que ele usa pra se conectar com as crianças, e inclusive levar para elas temas difíceis de abordar, como violência e agressividade.

“No programa, eu procuro através da câmera olhar nos olhos de cada criança e falar com elas tentando estar 100% presente para seus sentimentos e suas necessidades"

Mas não é somente a elas que Rogers dedica sua atenção. Durante a entrevista, ele vai aos poucos revelando sua concepção sobre o ser humano e a infância, ao mesmo tempo em que busca se conectar ao repórter de verdade.

É esse processo que permite a Loyd conectar-se consigo mesmo, ouvir seus sentimentos e olhar pras suas dores: a morte da mãe, o distanciamento do pai, as inquietações geradas pela chegada do filho. Intrigado com a capacidade de Rogers de acolher o outro, Lloyd o provoca e desafia. Ele parece não acreditar que aquele homem é real. Seria apenas um personagem? Mas é a esposa Joanne Rogers quem revela como Fred consegue ser tão empático: é uma prática, ela diz.

Ao longo do filme, Rogers traz várias lições sobre empatia - “Eu quero oferecer ao mundo uma forma positiva de lidar com seus sentimentos” - e também sobre a relação e o olhar para as crianças.

Quando perguntado (numa cena secundária) sobre qual a coisa mais importante que precisamos fazer para cuidar das crianças, ele reponde algo como: “Lembrar que já fomos crianças também e olhar o mundo a partir da perspectiva das crianças”.

Durante as gravações do seu programa, que Lloyd acompanha, Fred vai revelando também outras dimensões de sua humanidade: a escolha de estar presente com o outro, a capacidade de ouvir para além das palavras e também a honestidade (“as crianças precisam saber que às vezes as coisas não dão certo para os adultos também”).

Pelo meu olhar, esse é um filme sobre presença, acolhimento, escuta e autenticidade. Sobre a importância de assumirmos a responsabilidade pelos nossos sentimentos, acolher as nossas feridas internas e fazer escolhas conscientes de como lidar com as nossas dores, se quisermos viver com liberdade e conviver melhor com os outros. E sobre a possibilidade de pedir ajuda e de apoiarmos outros também nessa jornada de transformação. Fiquei muito inspirada!

PS: fiquei tão curiosa a respeito de Fred Rogers e a história real por trás do filme que fui pesquisar mais. Encontrei a reportagem original que inspirou o filme e vou compartilhar com vocês (clica aqui). Eu também fiz uma tradução livre da reportagem com a ajuda do Google Tradutor, quem quiser receber, manda mensagem pelo email: belaspalavras.cv@gmail.com.