Honrar a vida... de Cezar Wagner


Pra mim, é muito importante honrar de onde eu vim e com quem eu aprendi. Hoje, um dos meus mestres completa 70 anos, e eu aproveito a data pra honrar a sua vida, compartilhando com vocês essa poesia que eu escrevi pra ele.


Cezar, o poema és tu
por Carla Weyne


Cezar, o poema és tu
e hoje eu te recito.
Relembro e também recrio
o que de ti eu aprendi:
a me arriscar dentro da roda
ensaiar uns tortos versos
pra dizer do quanto pulsa
aqui dentro, e chegar perto;
te acariciar com palavras,
com meu ritmo e melodia,
te dizer como me inspira
a tua sabedoria.

Cezar, o poema és tu e a tua dança,
que me encanta e me convida a dançar
Dança da criação dentro da sala de aula
que me marcou a alma e me convidou a vivenciar.

Cezar, o poema és tu e a tua ousadia
de fazer poesia na cela da prisão,
de levar a Biodança pra Academia
e olhar “o pobre” em sua imensidão.

Pensar uma psicologia e outra subjetividade
que reconhece a realidade de submissão,
que confia no poder da comunidade
e engaja os sujeitos na transformação.

Cezar, o poema és tu e tua sabedoria
pra entrelaçar de um jeito tão bonito
e cheio de harmonia
algumas a-pa-ren-te-men-te
distantes teorias.

Juntar o diálogo de Paulo Freire
com a dança de Rolando Toro,
somar o poder de Carl Rogers
com a historicidade daqueles outros:
os psicólogos soviéticos, e suas categorias.
E que bela práxis você propôs
integrando essas teorias.

Cezar, o poema és tu e tua sensibilidade
de perceber em meu rosto, um desconforto ou receio
e me desafiar a acolher o imprevisível.
Agradeço por me lembrar de confiar em mim
e fazer o convite de me entregar
ao fluxo da vida.

Cezar, o poema és tu,
e hoje eu te reverencio.
Celebro os teus 70 ciclos
contando, de ti, o que aprecio.
Com essas belas palavras
que brotam do meu coração,
te digo da tua importância
pra tantas irmãs e irmãos.
Filhos que somos das estrelas,
como você nos lembrou,
conectados, coexistindo
nesse movimento-amor,
buscando a sintonia
com a Grande Pulsação.

Estamos conectados
de coração a coração!
Tantas vezes te ouvi dizer
e agora quero repetir
de longe, daqui e dali:
estamos entrelaçados
nessa teia de carinho,
amor e também cuidado.

Cezar, o poema és tu,
E hoje cantamos teu nome,
te embalamos em nossa poesia,
pra agradecer e contar
de tudo que fizeste brotar
de beleza e harmonia
em nossos corpos e almas,
quando agitadas ou calmas,
numa sutil sinfonia.

Cezar, o poema é tu!
E que belo poema és.
Que rima dança com diálogo,
abraço com ousadia.
Que compartilha e ama,
que convida e desafia.
Um poema em linhas tortas,
que recusa a perfeição,
um poema inacabado,
que é pura pulsação.

Carla Weyne
(01/10/2021)