A CNV nunca vai vencer


Eu reconheço nas crianças muita sabedoria. E também uma capacidade imaginativa que me encanta. Muitas vezes Benki cria analogias que eu nunca imaginaria. Assim foi nessa conversa que eu quero contar pra vocês...

A CNV nunca vai vencer

Um dia a gente tava conversando sobre os colegas de escola do Benki. Ele me contava de quais ele tem estado mais próximo. E ele disse que um dos colegas tinha escrito num aviãozinho de papel que ele era chato. Eu falei:

- Filho, talvez ele nem te ache chato. Talvez você tenha feito algo que ele se incomodou, e ele expressou assim: “O Benki é chato”.

- É, eu nem levei muito a sério, continuei lá na minha.

- Pois é, é esse nosso velho jeito de pensar sobre o que o outro é, em vez de prestar atenção no que a gente precisa.

Ele refletiu um pouco e falou:

- Mamãe, eu acho que a CNV nunca vai vencer. Ela nunca vai vencer a CMV*. As pessoas nunca vão parar de pensar essas coisas.

- Também acho, filho. Porque a Comunicação Não Violenta é uma ferramenta. Ela é como se fosse um martelo. O martelo não quer vencer os pregos, ele tá ali pra pregar os pregos na parede. E sempre vai ter pregos pra pregar, o trabalho nunca termina. Os pregos é como se fossem esses nossos pensamentos de que “fulano é chato”, ou que “ele é meu inimigo”.

- É! Porque esses pensamentos nunca vão deixar de existir, as pessoas nunca vão parar de ter esses pensamentos.

- Exato! Benki, o Dominic Barter fala que querer parar de julgar é como querer que as unhas parem de crescer.

- Já sei, então a CNV é como se fosse um cortador de unhas!

*CMV é a sigla que ele criou para Comunicação Muito Violenta, que ele entende ser o oposto da CNV. Rsrs