Dica de filme: Professor(a) Polvo

 


O professor polvo na verdade é uma professora. Uma fêmea de ‘Octopus vulgaris’. É a vida dela que Craig acompanha por 324 dias. Um polvo vive um pouco mais que isso.

Por causa de uma crise existencial, o cinegrafista decide retornar ao mar de sua infância. E mergulhar nele mesmo. Num desses mergulhos, Craig se encanta com um polvo e se faz muitas perguntas. Decide então retornar todos os dias.

Ao longo desse tempo, ele descobre coisas incríveis, como a extraordinária capacidade do polvo de se camuflar, não só mudando suas cores e a textura de sua pele, mas também imitando o corpo de outros seres marinhos e até se agarrando a várias conchas e se escondendo entre elas como se fossem escudos. Suas estratégias de caça e defesa revelam que ele tem uma criatividade de dar inveja a muitos sapiens.

Craig presencia uma perseguição (alerta de spoiler!) em que o tubarão pijama, principal predador dos polvos, arranca um de seus tentáculos. E presencia também uma cena que ele não entende de imediato: o polvo se movia de um lado pro outro, por entre os peixes, mas sem capturá-los. E repetia o movimento que parecia sem sentido a um olhar superficial. Finalmente o mergulhador entendeu: ela estava brincando. Polvos brincam! Ele ficou maravilhado com aquela descoberta.

Mas Craig descobre algo que parece ainda mais importante. Mais que tudo, sua professora revela a ele sua enorme capacidade de se conectar. Pouco a pouco ela vai se deixando ver, saindo de sua toca, se aproximando do humano que a visita. Uma dia ela se permite ser tocada, no outro ela toma a iniciativa do contato, até que… surpreende o humano com um abraço!

Ele conta que vai ficando cada vez mais fascinado com a natureza, com a beleza que ele encontra em meio à floresta de algas, as formas e cores de cada ser que ele descobre dentro da água, o modo como eles se relacionam em um equilíbrio sutil e dinâmico. Assim, ele começa a pensar em sua própria vulnerabilidade, e vai mudando também a sua relação com os outros humanos, em especial com seu filho.

Pra mim, a maior lição da professora Polvo (e do filme quase homônimo) foi sobre conexão: “Ela me ensinou a sentir que sou parte desse lugar, não um visitante.”