3 momentos da jornada de conexão
A jornada na direção da conexão (consigo e com o outro) nem sempre é fácil, e muito menos linear. A minha tem sido cheia de avanços e retrocessos, e pra lidar com eles eu lanço mão da auto-compaixão.
Podemos falar de 3 momentos marcantes dessa jornada, sabendo que essa é uma divisão didática. No fundo, vivemos cada um desses estágios muitas vezes, nas nossas diferentes relações e de acordo com cada situação desafiadora (estimulante) que encontramos.
O estágio 1 é de onde partimos. Em geral, fomos ensinados que nós somos responsáveis pelos sentimentos dos outros. E aprendemos isso desde quando nossos pais (por exemplo) nos diziam coisas como: “Coma tudo pra mamãe ficar feliz” ou “Tome esse remédio senão eu choro” ou ainda “Você tirou 10, estou orgulhosa de você”. Você se reconhece em alguma dessas frases?
Nesse estágio, vivemos tentando atender as expectativas dos outros, e quando isso não acontece, aparecem sentimentos como medo, culpa ou vergonha. Marshall Rosenberg chama essa fase de “Escravidão emocional”.
Quando descobrimos que viver dessa forma nos leva a priorizar os outros, em detrimento de nossas próprias necessidades, muitas vezes sentimos Raiva. No estágio 2, tomamos consciência de que não somos responsáveis pelos sentimentos dos outros, e podemos assumir uma postura rebelde. Nós dizemos coisas como: “Se vira!” ou “O problema é seu!”. Você lembrou de alguma situação em que disse isso?
Marshall chama esse estágio de “Ranzinza”, e alerta: a rebeldia é apenas meio caminho para sermos totalmente livres.
Na etapa seguinte, percebemos que somos responsáveis por nossos próprios sentimentos, e somos movidos a colaborar com os outros por um sentimento de compaixão. Temos consciência de que estamos todos interconectados, por isso é impossível ser feliz às custas dos outros.
Aqui aprendemos a afirmar nossas necessidades de uma maneira confortável, ao mesmo tempo que respeitamos as necessidades do outro. Abrimos espaço para o diálogo e construímos relações baseadas no poder-com. Marshall chama essa fase de “Libertação emocional”.
Algumas culturas tem essa forma de viver como tradição, por isso elas podem ser fonte de inspiração pra nós. É o caso da visão Ubuntu, ligada à matriz cultural Bantu, que significa algo como: “eu sou porque nós somos”.
Você conhece outras expressões que podem traduzir esse jeito de viver com conexão?
