A girafa e o chacal

 
Como nós crescemos em uma sociedade organizada segundo o paradigma da dominação, é normal que o jeito como nos comunicamos reflita isso. Marshall Rosenberg chamou esse jeito de “linguagem alienante da vida”. É uma linguagem que gera desconexão, em vez de colaboração. E que segundo ele, nos afasta da nossa natureza, que é de gostar de contribuir com o outro: a parceria.

A Comunicação Não Violenta nos convida a ficar atentos à linguagem que usamos corriqueiramente, e que revela nosso modo de pensar. E aos poucos podemos ir aprendendo a pensar de outro jeito, um jeito que gera conexão e serve à vida.

Esse jeito concentra nossa atenção no que é importante de verdade, e não só para uma pessoa, mas para todos os seres humanos: é o que Marshall chamou de Necessidades.

E ele criou uma metáfora pra falar desses dois tipos de pensamento-linguagem, inspirando-se nesses 2 animais:

O Chacal (que é um “primo” do lobo) representa a linguagem alienante da vida e um jeito de pensar baseado em certo e errado. É o tipo de consciência que gera relações de submissão e dominação, que fundamenta a culpa e a cobrança.

A Girafa representa a linguagem da não-violência e o jeito de pensar focado em necessidades. É o tipo de consciência que gera relações de ganha-ganha e que fundamenta a auto-responsabilização e a parceria.

Agora, cuidado pra não colocar o chacal e a girafa nas velhas caixinhas do bem e do mal! A ideia não é banir o chacal e salvar a girafa. O chacal em nós (e no outro) também conta sobre nossas necessidades, só que uma forma trágica, através de julgamentos, críticas, reclamações e por aí vai. O que ele precisa é de acolhimento e apoio pra conseguir traduzir tudo isso em “linguagem de girafa”.

E aí, conseguiu achar o chacal e a girafa dentro de você?