Dica de Filme: "Rosa e Momo"

 



Rosa e Momo (La vita davanti a sé) é um filme sobre amor e humanidade. Sobre como podemos enxergar a humanidade do outro, dependendo da forma como o olhamos.

Madame Rosa é judia. Momo é órfão de origem muçulmana. Ambos muito machucados ao longo de suas histórias. Cada um aprendeu a se proteger como pôde. Ora erguendo muros, ora se escondendo em cavernas. Mas o encontro entre os dois – e outros que acontecem ao longo do filme – vão permitindo que eles reencontrem sua própria humanidade e a do outro.

Rosa já foi prostituta, e cuida dos filhos de outras prostitutas. Momo se envolve com o tráfico. Lola é uma mulher trans. Dr. Coen é médico. Hamil é um comerciante muçulmano. Mas todos tem suas dores, e entrar em contato com elas os convida a ir além dos rótulos. Como diz Hamil em uma das cenas, um diálogo super restaurativo: “tudo é relativo, principalmente o bem e o mal. Depende das pessoas que você conhece e como você as ouve”

“Rosa e Momo” é um filme sobre vínculo. Delicadamente ele vai revelando essa verdade poderosa e assustadora: estamos todos conectados. Sentimos a ausência de quem se vai, e somos marcados pela sua presença – mesmo que isso revele nossa vulnerabilidade.
 
Viver essa conexão é uma necessidade humana. E os personagens vão buscando atender essa necessidade: ora com escolhas trágicas – tapinhas, implicâncias, desdém; ora com escolhas que servem à vida: um tímido toque de mãos, um contato de costas, lágrimas nos olhos, uma dança (ao som de Elza Soares!), abraços…

Se você for assistir o filme, sugiro que preste atenção também ao modo como Momo (que é um órfão senegalês vivendo longe de seu país de origem) vai buscando atender as necessidades de pertencimento e reconhecimento.
 
E por falar em pertencimento e reconhecimento, deixo aqui o único spoiler dessa postagem, a música final, que me chegou como um presente (na voz de Laura Pausini):

“Cuando más te faltan las palabras
Yo estoy, yo estoy
Cuando no valoras lo que logras
Yo estoy, yo estoy

Cuando aprendes a permanecer
Al borde de tus límites
Si nadie te ve
Yo sí”

(Quando mais te faltam as palavras
Eu estou, eu estou
Quando você não valoriza o que você alcança
Eu estou, eu estou

Quando você aprende a ficar
às margens de seus limites
Se ninguém te vê
Eu sim)