Dia Internacional da Mulher: viva nossas diferenças!
Eu já vivi o dia da mulher com muito rancor. Já senti raiva das mensagens que eu recebia nesse dia. Mas venho aprendendo a investigar esses sentimentos e descobrir o que eles revelam que é importante pra mim. E encontrei novos significados pro Dia Internacional da Mulher. Hoje eu aproveito pra refletir sobre as diferenças e semelhanças que existem entre os gêneros e como elas tem sido valorizadas ou desvalorizadas na nossa sociedade.
Por exemplo: ontem eu tava conversando com minha companheira sobre a prática de escrever diários. Ela lembrava o quanto essa prática tem um potencial de promover uma introspecção, uma reflexão sobre os próprios sentimentos e ações. Fui fazendo uma viagem no tempo pra época em que eu escrevia diários, lembrando das minhas amigas e… me dei conta de que só as meninas escreviam diários. Ou seja: essa possibilidade de conexão com os sentimentos não fazia/faz parte da educação dos meninos. Mesmo que certamente todos nós, meninas e meninos, precisássemos lidar com os sentimentos mais variados.
Vocês devem imaginar as consequências dessa diferença nas mulheres e homens que somos hoje. Penso que isso se reflete, por exemplo, na quantidade de homens que participam de cursos e grupos de CNV: na minha experiência, tanto como aluna quanto como facilitadora, eles são exceção. E podemos ir além, e refletir sobre as estratégias para lidar com os sentimentos que cada um desses grupos utiliza (predominantemente) na nossa sociedade. E as consequências que isso tem para as nossas relações, que muitas vezes tomam a forma de violência.
Marshall Rosenberg, no livro “O coração da Transformação Social” conta que mudar a Educação é uma das dimensões chave da mudança. A pergunta que ele propõe é: “Que educação é necessária para que as pessoas compartilhem um paradigma que enriquece a vida?” Ele conta que investia muita energia nesse ponto – e eu também! Mas falo de Educação no sentido amplo, para além da escola: algo que acontece sempre que interagimos com outros seres humanos. A partir da conexão com o que é importante pra mim, da clareza sobre como eu quero que sejam as relações entre homens e mulheres (cis e trans e não binários), eu vou fazendo minhas escolhas.
Escolho por exemplo, apoiar meu filho a compreender seus próprios sentimentos e expressá-los. Escolho apoiar meu irmão a cuidar da minha sobrinha, enquanto é minha cunhada que tem emprego fixo. Escolho escutar com empatia as discordâncias do pai do meu filho. Escolho ouvir as minhas próprias dores quando vejo as notícias de violência contra a mulher. Escolho compartilhar CNV com as pessoas, e apoiá-las a descobrirem também o que é importante pra elas nas suas relações. E você, o que você está escolhendo pra viver as diferenças que existem entre nós?