A transformação começa em mim
“Se não criarmos, antes, uma transformação espiritual radical em nós mesmos, nossas ações não serão eficazes. Na verdade, podemos até acabar contribuindo para a manutenção daquilo que já está acontecendo” (Marshall Rosenberg)
Ainda trazendo alguns trechos do livro “O coração da transformação social” que ressoaram em mim e fiquei com vontade de compartilhar com vocês. Já contei aqui que Marshall afirma que a transformação começa em cada um(a) de nós. E ele fala também de transformação espiritual, porque pra ele espiritualidade significa a compreensão de que “a todo momento, nossa vida está conectada à vida dos demais.”
Segundo ele, se não fizermos antes essa transformação em nós mesmos, corremos o risco de contribuir pra manter o status quo. Tenho refletido muito sobre isso, observando nossa realidade, desde as “tretas” do Big Brother Brasil até as movimentações políticas dos partidos ditos de esquerda em nosso país. E lembro também do que diz o mestre Paulo Freire: não conseguimos mudar as situações de opressão apenas ocupando o lugar do opressor.
Se buscamos fazer a mudança ainda dentro de um paradigma de dominação, seguindo as ideias de certo e errado, bom e mau, justo e injusto… a transformação social nunca será efetiva. E pior, nossas ações podem acabar aprofundando a realidade que queremos transformar. É preciso antes mudar o paradigma dentro de nós e buscar viver de acordo com ele.
Sim, o desafio é enorme! E eu digo isso porque o vivencio diariamente. A mudança em mim é cheia de avanços e retrocessos, os paradigmas se alternam dentro de mim: ora consigo escolher o modo como ajo no mundo, e consigo alinhar minhas ações às minhas crenças sobre o que é um mundo bom pra se viver; mas em muitos momentos toda a cultura de dominação e a educação hegemônica que me constituem falam mais alto – porque nelas eu cresci e vivi por décadas. E acabo caindo nos julgamentos moralizantes sobre o outro, nas comparações e exigências.
Por isso, gosto de dizer que Comunicação Não Violenta é muito sobre desaprender! Desaprender esse velho jeito de enxergar o mundo, de enxergar os outros seres humanos. E eu acredito que uma transformação social eficaz depende disso!
Faz sentido pra vocês?
