CNV na prática - "Eu não quero quebrar o meu porquinho!"
Esses dias estava conversando com Benki e ele lembrou que tem várias moedinhas guardadas em um cofrinho. Daqueles modelos de antigamente, um porquinho de barro com cara de fofo. Eu lembrei de uns textos do @eduardoamuri sobre educação financeira pra crianças e fiz um comentário:
- Filho, será que foi uma boa ideia ter colocado seu dinheiro no porq...
Antes que eu terminasse a frase, ele saiu correndo e bateu a porta do quarto. Resolvi deixar ele sozinho um tempo, e espontaneamente ele veio até mim depois de uns minutos. Chorava alto. Lembrando das lições que ele mesmo já tinha me dado sobre empatia, fiquei em silêncio. Abri os braços e ele aceitou o colo.
Tive a impressão de que ele tava “exagerando” um pouco no choro, que não era totalmente espontâneo. Isso já me deixou impaciente em muitos momentos, porque congruência e honestidade são muito importantes pra mim. Mas nesse dia não me incomodei e consegui me conectar com as necessidades dele por trás daquela expressão. Resolvi fazer um palpite:
- Parece que pra você é muito importante que eu saiba o quanto você tá triste, é isso mesmo?
Ele concordou e começou a relaxar. Chorou mais um pouco, baixinho. Arrisquei outro palpite:
- Você está se sentindo dividido, por que gostaria muito de conseguir pegar as suas moedinhas, mas não quer ter que quebrar o porquinho pra isso?
Ele finalmente olhou pra mim e disse: “Sim!” Percebi que ele se sentia compreendido. Nessa hora, confesso que a solução veio na ponta da língua (eu queria muito resolver o problema!), mas lembrei que a empatia fortalece nosso poder pessoal, e que quando nos conectamos com nossas necessidades, podemos encontrar, por nós mesmos, as saídas. Então resolvi sustentar a empatia, em vez de propor uma solução:
- Você gostaria de encontrar um jeito de tirar as moedas sem ter que quebrar o porquinho?
Os olhos dele se iluminaram! E ele disse:
- Será que a gente consegue abrir a barriga dele? Você tem uma serra que serra barro?
- Não, filho. Mas acho que seu avô tem uma ferramenta que pode funcionar pra isso. Você quer tentar isso hoje?
- Não, pode ser depois, mãe.
E saiu pra brincar.
Quero aproveitar pra contar pra vocês que eu descobri, lendo o Amuri, que o bom e velho porquinho não é uma boa ideia pra uma educação financeira das crianças. Se você quer saber por quê dá uma olhada no perfil dele no Instagram: @eduardoamuri.