A mecânica e o processo na CNV


Já contei pra vocês que praticar CNV não se trata de seguir os quatro passos. Essa confusão pode ser explicada em parte pelo modo como a Comunicação Não Violenta foi introduzida no Brasil, em especial pelo subtítulo da edição brasileira do primeiro livro de Marshall Rosemberg: “técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais” (2006). Quem já participou de alguma das nossas atividades já sabe que a CNV tá muito longe de se resumir a técnicas (mas temos sim muitos exercícios pra aprender a praticar CNV com apoio!).

Bom, mas o próprio Marshall Rosenberg explica isso em outro livro. Ele conta que esses quatro componentes básicos da Comunicação Não Violenta: observação, sentimento, necessidade e pedido são “a mecânica da coisa”. E complementa: “É importante notar que essa mecânica só tem poder quando está a serviço do propósito espiritual do processo, que é criar uma conexão em que as pessoas possam agir a partir de uma energia divina, da alegria da compaixão, do prazer de contribuir. Se não tivermos essa intenção, não captamos nada.”

Por isso é tão importante ter espaços pra cultivar esse “propósito espiritual”, essa intenção de mantermos a conexão, mesmo quando estamos tristes, frustrados ou com raiva de alguém. O propósito da Comunicação Não Violenta é o fortalecimento dos vínculos que, como diz Dominic Barter, existem entre nós apenas pelo fato de estarmos vivendo aqui nesse planeta! Faz sentido pra você?