CNV na Prática - Chegando na escola

Um dia desses, fui deixar Benki na escola, e chegando lá, ele percebeu que havia esquecido em casa a tarefa do dia anterior. Pediu pra voltarmos em casa imediatamente, mas eu expliquei que não havia tempo, porque já estávamos no horário limite de entrada na sala. Ele então berrou que não ia mais pra aula, saiu correndo e se escondeu no "beco da solidão" (batizei assim o cantinho da escola onde ele costuma se abrigar quando algo dá errado).

Fui até lá, mas fiquei na entrada, respeitando seu espaço. Minha primeira reação seria dizer: "vamos, você precisa entrar logo na sala, se não vai perder o horário e blá, blá, blá..." Por sorte, é fácil manter acesa minha intenção de conexão com meu filho (pelo menos quando eu estou descansada e com tempo). Então eu perguntei:
- Você está com vergonha de ter esquecido a tarefa?
Ele: A professora vai brigar comigo!!!
Eu (tentando mais um palpite empático): Você está com medo que a professora brigue com você?
Ele: Ela com certeza vai brigar comigo!!!!!
Eu: Filho, aconteça o que acontecer, eu vou estar do seu lado.
Ele então relaxou e permitiu escaparem algumas lágrimas. Eu, sentindo que tinha mais espaço, adentrei o "beco". Ele veio até mim e me abraçou. Eu disse: - Você topa ir lá comigo enfrentar essa situação?
Ele balançou a cabeça afirmativamente.

Esse é só um detalhe da história: quando ele contou à professora que havia esquecido a tarefa, ela disse apenas "Não tem problema nenhum, você traz amanhã".

Faço questão de dizer que nem sempre é assim, nem sempre eu consigo me manter em conexão e às vezes faço "besteira" sim! Mas quis compartilhar essa experiência pra mostrar um exemplo prático de como uma comunicação centrada no vínculo pode ajudar em situações do cotidiano com as crianças.